A Docência em Tempos de COVID-19
Desafios e Reflexões
Como professora e
apaixonada pela Educação a Distância é inevitável não refletir sobre o impacto
da pandemia do coronavírus nos processos de ensino e aprendizagem,
especialmente sobre a perspectiva do ensino, pois os estudantes do século XXI
estão mais ambientados com o uso das ferramentas que tem a missão de salvar o ano letivo do ensino presencial: as tecnologias digitais, mediadas pela grande rede de
computadores, que nos permite a interação sem os riscos da proximidade física.
Os professores têm
trabalhado como nunca! Buscando reduzir o impacto da suspensão das aulas
presenciais; mas, como se trata de uma nova forma de ensinar, e o novo sempre
gera muita tensão e stress, percebemos que muitos têm questionado a própria
capacidade de desenvolver as novas habilidades requeridas pelo momento que estamos
passando.
Vamos começar refletindo
sobre a fluência digital, e o porquê desta demanda gerar tanta ansiedade e
insegurança por parte dos professores, que, com representação significativa,
fazem parte da chamada geração X, nascidos entre 1960 e 1980, na qual também me
enquadro.
Nascemos e passamos
partes de nossa vida no período de polarização política e econômica, época
conhecida como guerra fria. Foi também o período do regime militar em nosso
país.
Tecnologia na
época da geração X? Era bem diferente dos dias atuais. A Internet chegou no Brasil
em 1988, através da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, mas
só foi socializada em 1996, com seus provedores comerciais. Lembra do “tijolão”?
Pois é! Foi o primeiro celular comercializado no Brasil, também na década de
90. Já estávamos no mercado de trabalho nesta época, mas aprendemos a fazer uso
dessas tecnologias de forma utilitária, para resolvermos problemas do dia-a-dia.
No contexto
educacional, preponderantemente presencial, pouca era a demanda para uso de
computadores e internet. A tecnologia mais usada em salas de aulas eram os
projetores.
Não somos nativos
da era digital, mas podemos migrar e fazer uso assertivo dessas ferramentas tão
necessárias e presentes atualmente; mas, como?
Em nossas aulas
na disciplina de Educação e Tecnologias, no curso de Pedagogia, muitos
estudantes falam da dificuldade de dominar as ferramentas das TICs (Sim! Temos muitos
casos na geração Y também, pois vivemos num país de dimensões continentais e
com muitas diferenças quando se trata do acesso a essas tecnologias). Para abrir
a reflexão sobre essas dificuldades, falamos das crianças nascidas nesta última
década, que correspondem a Geração Z. Elas já nasceram imersas em tecnologia.
Vídeo comercial bebê usando
celular: https://www.youtube.com/watch?v=klDfB5EjheY
Não foram ensinadas,
mas navegam no touchscreen dos celulares e tablets de forma intuitiva e
natural, não é? Acessam e programam as Smarts TVs com uma facilidade que nos
deixam admirados... O que podemos aprender com eles?
Ops! Aprender com
os mais jovens, significa aprender com nossos alunos...
Neste instante pode
acender um alerta vermelho no emocional dos professores da Geração X, pois pode
confrontar um grande paradigma (que também precisa ser quebrado): a autonomia e
o saber docente.
Então vai bater a
insegurança e o medo de ser julgado como incompetente para o novo papel que
está sendo requerido. E esse estado de ânimo pode comprometer fortemente seu
desempenho, travando ou retardando ações que podem ajudar muito a vencer esses
desafios, mas, que para isso, será necessário calçar as sandálias da humildade
e abraçar um novo desafio de “aprendizagem”.
E nessa inversão
tão ‘educativa’ de papeis, podemos aprender muito com as gerações que vieram
após a nossa. Podem ser nossos alunos, filhos e jovens de nosso convívio.
Mas tem uma outra
ação que é muito útil na construção das competências necessárias para o ensino
a distância: coragem para experimentar! Não podemos deixar que o medo de errar impeça
nossas tentativas de explorar novas ferramentas e novas formas de compartilharmos
nossos saberes.
Os nativos da
geração X possuem algumas características, desenvolvidas para atuar socialmente
no cenário que falamos no início de nosso texto; e são essas características
que traçamos um paralelo com as demandas do momento atual que estamos vivendo:
- Busca constante de conhecimento –
Pesquisar e experimentar ferramentas que possam contribuir para a transmissão
de conhecimentos. Pode ser um Ambiente Virtual de Aprendizagem, disponibilizado
pela instituição que você trabalha, um sistema de gerenciamento de conteúdo
(Google Classroom. Microsoft Education). Existe atualmente uma infinidade de
aplicativos uteis nos processos de ensino. Navegue neste grande oceano de
possibilidades!
- Aprendizado com os erros – Lembre que
só erra quem faz! E o erro também é um agente de crescimento e aprendizado! Os
experimentos que falamos vão gerar alguns erros, sim! E será divertido relembrar
no futuro, quando já tivermos o domínio das ferramentas e metodologias. Aqui
vale também a dica de sempre testar bastante a ferramenta antes de aplicá-la,
pois a segurança do uso irá reduzir a carga de stress com o medo do erro
durante o desenvolvimento da atividade.
- Espírito empreendedor e autoconfiante –
Empreender é um verbo transitivo direto que significa “decidir realizar (tarefa
difícil e trabalhosa); tentar.” A decisão é o primeiro passo, e, para isso, é super
importante que o objetivo de se tornar um profissional ainda mais competente e
completo esteja bem firmado em sua mente! Confie nos seus talentos e
potencialidades! Você irá conseguir!
- Busca de estabilidade – Essa característica
da Geração X é a única que não tem muita aderência ao cenário atual, pois
vivemos uma realidade de mudanças constantes e aceleradas. A estabilidade propiciada
pela construção de novas competências que nos permitam trabalhar com as novas
ferramentas das TIC é a segurança de termos um bom campo de trabalho. De não
ficarmos para trás.
- Preocupação com o futuro – Nos apropriar
de novas linguagens e ferramentas de comunicação que possibilitem a
continuidade dos processos de ensino e aprendizagem é a consolidação desta
característica da Geração X. É essa ação que irá contribuir para a construção
de um mundo ainda melhor, para todos.
Bem, agradeço o
tempo dedicado para essa leitura e espero ter contribuído para lançar luzes
sobre as possiblidades que temos de nos reinventarmos e iniciarmos uma nova
jornada de realizações na profissão que abraçamos.
O sentimento que
tenho com tudo que estamos passando é de que estamos no “cantinho do pensamento”,
numa parada forçada para ressignificarmos nossas vidas e descobrir novas formas de contribuir para a
construção de um mundo melhor.
Sei que vamos
conseguir! Juntos!
Curitiba,
10/04/2020
Complementos úteis
Educação no mundo 4.0 é tema de debate virtual no MEC O
Ministério da Educação (MEC) iniciou nesta quarta-feira, 8 de abril, uma série
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social trazido pela economia 4.0. Você pode acessar a programação AQUI
As Gerações e suas características http://www.segmentopesquisas.com.br/blog/2019/5/24/as-geracoes-e-suas-caracteristicas
Primeiro celular comercializado no Brasil:
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